terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cordel interativo

O texto seguinte surgiu na cabeça do colega de empreitada - João Carlos - num calor de quase 45 graus, em Teresina, durante o Gestar II. A ilustração foi retirada da internet e representa a idéia de que o professor tem de carregar sempre em sua maletinha, independentemente do nível em que trabalha, idéias fantásticas, diversificadas, criativas e saber o que fazer com essas idéias. Olha que cordel mais sensível e mais lindo!

Obrigada, João!


A PELEJA DA LÔRA CONTRA O CALOR DO PIAUÍ

Do poeta popular do Quixeramobim - CE

João Carlos Rodrigues da Silva


Meu amigo me acredite

No que agora vou dizê

É de vera, num é palpite

O que conto pra você,

O caso da lôra Afrodite

Que achou que ia morrê.


Ela veio toda alegre

Dar aula no Piauí

Desceu toda serelepe

Dizendo não sou daqui

E tirou da bolsa um leque

Pra do calor poder fugir


Quanto mais se abanava

Mais sentia se esquentá

E gritava toda brava

Esse calor é de rachá

Vou mandar tudo à fava

E pro meu DF retorná


Se o chefe se zangá

Dou piti, rodo a baiana

Não tem como agüentá

Nesse lugar uma semana

Minha pele vai queimá

Vou virar uma mucama


Nunca vi calor assando

Uma pessoa tanto assim

A perseguida tá tostando

A caratoda carmim

O suor sempre pingando

Coitada e pobre de mim


Quero cama e água fria

Pois senão viro carvão

Não tenho mais alegria

Com esse calor do cão

Ah meu Deus como queria

Nem ter pisado nesse chão


E assim se lamentava

A lôra em Teresina

Com o calor pelejava

Maldizendo a triste sina

Por nada se acalentava

Aquela pobre menina


Deu então para bebê

Muita cerveja todo dia

Para poder esquecê

O calor grande que fazia

Mas nem com esse procedê

A sua quentura diminuía


Assim o tempo passava

Cada dia mais escaldante

A lora se desesperava

Com o fogo abundante

Com essa ela não contava

Mas teve que ir adiante