
O texto seguinte surgiu na cabeça do colega de empreitada - João Carlos - num calor de quase 45 graus, em Teresina, durante o Gestar II. A ilustração foi retirada da internet e representa a idéia de que o professor tem de carregar sempre em sua maletinha, independentemente do nível em que trabalha, idéias fantásticas, diversificadas, criativas e saber o que fazer com essas idéias. Olha que cordel mais sensível e mais lindo!
Obrigada, João!
A PELEJA DA LÔRA CONTRA O CALOR DO PIAUÍ
Do poeta popular do Quixeramobim - CE
João Carlos Rodrigues da Silva
Meu amigo me acredite
No que agora vou dizê
É de vera, num é palpite
O que conto pra você,
O caso da lôra Afrodite
Que achou que ia morrê.
Ela veio toda alegre
Dar aula cá no Piauí
Desceu toda serelepe
Dizendo não sou daqui
E tirou da bolsa um leque
Pra do calor poder fugir
Quanto mais se abanava
Mais sentia se esquentá
E gritava toda brava
Esse calor é de rachá
Vou mandar tudo à fava
E pro meu DF retorná
Se o chefe se zangá
Dou piti, rodo a baiana
Não tem como agüentá
Nesse lugar uma semana
Minha pele vai queimá
Vou virar uma mucama
Nunca vi calor assando
Uma pessoa tanto assim
A perseguida tá tostando
A cara tá toda carmim
O suor sempre pingando
Coitada e pobre de mim
Quero cama e água fria
Pois senão viro carvão
Não tenho mais alegria
Com esse calor do cão
Ah meu Deus como queria
Nem ter pisado nesse chão
E assim se lamentava
A lôra em Teresina
Com o calor pelejava
Maldizendo a triste sina
Por nada se acalentava
Aquela pobre menina
Deu então para bebê
Muita cerveja todo dia
Para poder esquecê
O calor grande que fazia
Mas nem com esse procedê
A sua quentura diminuía
Assim o tempo passava
Cada dia mais escaldante
A lora se desesperava
Com o fogo abundante
Com essa ela não contava
Mas teve que ir adiante